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A COMUNHÃO DOS SANTOS

3. A COMUNHÃO DOS SANTOS

A comunhão realizada pelo Espírito desde o início foi interpretada ligada ao tema da SANTIDADE: a Igreja é a comunhão dos SANTOS. Esta expressão está presente no Símbolo apostólico (desde o século IV) e debaixo da ação do Espírito. Isto significa primariamente que é obra do Espírito Santo: a communio sanctorum é communio Sancti, isto é, aquele que é Santo santifica os seus; a santidade pode ser atribuída à communio porque o Espírito santifica a Igreja, unificando-a na comunhão. Secundariamente o termo sanctorum pode indicar ainda ou uma participação aos bens e aos meios de salvação ( às coisas santas – genitivo neutro), os sacramentos e especialmente o Batismo e a Eucaristia: e se entendido no genitivo pessoal a fórmula apela aos santos, aos santificados pelo Espírito e à sua comunhão no tempo e para a eternidade. Estes três significados estão interligados por meio do Espírito que por meio dos santos dons santifica a comunhão dos santos. Portanto, a Igreja é santa porque é a comunhão de quantos são santificados pelo Espírito através da participação aos santos dons por ele mesmo santificados e vivificados em vista da ressurreição da carne e da vida eterna.

a.                 A comunhão do Espírito santificante
No primeiro significado temos a relação com o Espírito santo e por isto a Igreja pode ser chamada de Templo do Espírito (Ef 2,21; 2 Cor 6,16; 1 Cor 3,16s) no qual o Espírito habita e age. Como desceu sobre o Verbo encarnado assim o Espírito desce nos batizados e sobre a Igreja ungindo-a (2 Cor 1,21). Por isso a Igreja se pode chamar a continuação da unção de Cristo por meio do Espírito e por meio desta unção os cristãos formam uma só coisa, uma só “mystica persona” em Cristo. É a idéia paulina de Corpo de Cristo graças ao Espírito que a unifica na comunhão e no serviço (1 Cor 12,4s.11-13).

A santidade ontológica da Igreja, a participação, isto é, à graça do Espírito Santo é o fundamento indefectível de sua existência e de sua comunhão, o que torna a Igreja na história o Povo de Deus, o Corpo de Cristo, o Templo do Espírito (LG 39). Como a encarnação é o mistério da “única pessoa” divina nas duas naturezas assim a Igreja é o mistério da única natureza humana, santificada pelo Espírito, nas múltiplas pessoas unidas ao único Senhor Jesus Cristo de modo que se constitui nEle pela graça de seu Espírito uma “Pessoa” (e se entende o Espírito) em muitas pessoas (e se entende Cristo e nós: Cristo nos liga a si mesmo, e liga a si a nós, por meio da missão de seu Espírito). O Espírito é assim o vínculo da unidade, ele é a pessoa numericamente “uma” em Cristo e em nós. Portanto também a santidade da Igreja é um aspecto da koinonia do Espírito Santo.

A idéia da Igreja santificada e unificada no Espírito até tornar-se uma só “pessoa mística” encontra o correspondente bíblico na imagem da Igreja esposa. Paulo apresenta a sua Igreja a Cristo como uma virgem (2 Cor 11,2). Mas esta unidade é mais bem apresentada em Ef 5,25-27: aqui a Igreja é lavada e purificada pelo esposo. E este lavacro que faz da Igreja a esposa é obra do espírito (Ti 3,5-7), e é ele que prepara a esposa para o casamento com o Cordeiro (Ap 19,6-8; 21,2; 22,17). As bodas já se realizaram, a Igreja é esposa, mas não é ainda a esposa toda pura que o Batismo iniciava. É tentada nos seus membros que tendem a outros esposos (1 Cor 6,15s). Esta união, portanto, é ainda imperfeita. A mesma Igreja deve viver ainda a sua páscoa completa. As suas bodas serão completas só na escatologia. Possui o Espírito somente como penhor, e é o Espírito que geme (nela (Rom 8,26-30) esperando e impulsionando à consumação dos tempos.

b.                 A comunhão aos santos dons
A communio Sancti faz a Igreja ao mesmo tempo ontologicamente santa, e existencialmente peregrina visto que deve tornar-se o que é porque a santificação que o Espírito produz no coração dos fieis e na comunhão eclesial se cumpre através da história por meio de palavras e gestos nos quais ele comunica sua graça segundo a promessa do Senhor. Na celebração sacramental a invocação do Espírito sobre os dons para santificar (epiclese) os transforma tornando-os santos e santificadores na potência d”aquele que os penetra e cerca. Por esta razão que também a communio sacramentorum, comunhão aos meios e aos dons da salvação. Nos sacramentos o Espírito reúne a Igreja e fundamenta a nova praxe da comunidade redenta. Representando neles o mistério pascal de Cristo, única, verdadeira fonte de reconciliação para os homens, o Paráclito suscita existências reconciliadas e reúne o povo dos crentes na unidade e na paz, doadas pelo Senhor.

A santidade da Igreja encontra, por sito, a sua fonte e o seu ápice na celebração eucarística dos sacramentos. À fonte da liturgia o cristão alcança a graça da seqüela Christi, pela qual habita na Trindade e expressa a vida de comunhão, edificando-se em comunhão com os outros crentes como Povo de Deus na história, sinal e instrumento da unidade do inteiro gênero humano. Também na liturgia que se expressa melhor o caráter escatológico dos sacramentos enquanto a graça se faz presente no tempo como penhor e antecipação. A tensão litúrgica entre o já do dom experimentado e a promessa não ainda cumprida, revela de modo prenhante como a santidade da Igreja não seja que uma antecipação da glória no tempo da peregrinação (1 Cor 11,26; Lc 22,18).

Fundamento desta ligação aos sacramentos é visto nos padres na imagem da morte de Jesus e a água e o sangue como fundamento e alimento da Igreja (Jo 19,34). Este jorrar lembra também o texto da fonte que jorra água viva (Jo 7,39) sinal do Espírito. Assim com a morte de Jesus nos é dado o maior dos dons que é o Espírito. E visto que nos sacramentos se representa esta glorificação são eles a fonte desta água viva. Assim os sacramentos transformam também os crentes numa fonte de graça para os outros, por isto são santos e espalham a santidade por contágio (Jo 7,38).

Para expressar tudo isto os padres usam a imagem de Mater Ecclesiae. A mediação eclesial da salvação é vista na figura da Mulher que acolhe a semente divina e gera, alimenta e cria seus filhos. A forma desta mediação é vista no envolvimento de todos os crentes, porque todos os filhos da Igreja se tornam por sua vez Igreja. Mãe para aqueles que nascem à salvação. Na comunidade se situa o ministério, que, agindo como representação de Cristo e expressão da paternidade de Deus, assim as características do elemento paterno, que torna possível a maternidade de todos os crentes. A experiência da generosidade materna da comunidade explica também o amor, que por sua vez os crentes alimentam para quem os gerou à vida do Espírito: o amor à Igreja é uma característica dos padres da Igreja.

A Igreja é mãe dos viventes porque, como Eva do primeiro Adão, nasce do lado do novo Adão morrente (dormitio) na Cruz. No mesmo sangue, tornado presente nos sacramentos, a Igreja é genitora de vida nova e plena do Espírito. Ela é também Igreja das dores não somente por causa das perseguições exteriores, mas também e, sobretudo pelas traições, atrasos, poluições e prostituições de seus filhos e filhas. Ela resta a Igreja das dores porque a liberdade que ela reza não se alcança nunca na terra e porque a história com todos os seus enganos a reconduz continuamente na cruz quando se torna demasiado entusiasta na terra. Na dor, confortada pela graças dos Sacramentos e pela consolação do Espírito nela derramado, a Igreja sustenta sues filhos sofredores e dá a vida para eles. A mãe das dores é também a rainha eterna, não só porque espera a glória, mas porque esta é já presente na “porta” da vida que é o Batismo, no fármaco da imortalidade que é a Eucaristia, na plenitude do Espírito que é derramado em todas as realidades sacramentais. Daqui vem para o católico a certeza de sua santidade: embora “casta meretrix” ela é e fica luz que intercepta a luz, sol do futuro e já agora a transmite na nossa obscuridade. Por isto que queremos amar esta Igreja que nos oferece todo o caminho para irmos ao Pai.

c.                  A comunhão dos santos
Aqueles que o Espírito alcançou e tornados partícipes da vida divina por meio dos sacramentos são os Santos, termo comum para designar os crentes (Rom 12,13; 15,26.31; 1 Cor 1,2; 6,1s; Fil 1,1; 4,21; CVol 1,2.4; Ef 4,12...). Por isto a Igreja é comunhão dos santos, comunhão inicial que tende ao seu cumprimento (Mt 25,31; 1 Cor 15,26-27).

A communio sanctorum antes de tudo é a comunhão dos discípulos do Senhor na variedade dos carismas e dos serviços suscitados pelo Espírito e na sua convergência para o crescimento comum. As Igreja particulares nas quais se atua a unidade da Igreja Universal, expressam em sua comunhão um outro aspecto da comunhão dos santos cooperando através a comunhão colegial de seus bispos ao redor do bispo da Igreja que preside no amor, ao testemunho da única fé, do único Senhor, do único Espírito. Também temos o aspecto escatológico da comunhão onde Israel será o sinal ao redor do qual todos se reunirão.

Toda a comunidade da Aliança é por isto enviada a ser a oferta de salvação para os povos em continuidade com a missão dos apóstolos (é o aspecto dinâmico da apostolicidade). O fato que a Igreja seja apostólica não significa somente que se confessa a mesma fé ortodoxa, mas também que se queira viver segundo a norma da Igreja nascente. Esta assimilação aos sentimentos do Cristo e sobretudo à sua morte sacrifical para o mundo é o significado último de cada vida que queira ser cristã, espiritual e apostólica ( é a seqüela Christi, é a “apostolica vivendi forma”). Esta continuidade na vida apostólica se expressa antes de tudo na caridade derramada nos corações pelo Espírito (Rom 5,5) por meio da qual a Igreja revela a luz de sua santidade e faz resplandecer a verdade que salva (LG 42). A caridade, fruto do Espírito, é a forma da Igreja santa e apostólica, seu princípio vivificante e estruturante, a sua força de unificação e de irradiação, o que a ordena a partir de dentro para alcançar seu objetivo que é a santidade. Desta caridade e expressão altíssima o “martírio” onde o testemunho alcança a morte. No martírio se realiza melhor a unidade com o Cristo (Mt 10,24s; Jo 15,20; At 9,4).

Assim a comunhão dos santos suscitada pelo Consolador e expressa na caridade vem unir os santos engajados na história com aqueles que já realizaram seu êxodo sem volta e vivem agora na alegria da glória de Deus. Aos peregrinos na história este aspecto da comunhão dos santos é o modelo e de ajuda(fundamental para isto é LG 49). E visto que sempre de novo o povo de peregrino tem necessidade desta ajuda, a Igreja não cessou de reconhecer e proclamar santos sob a guia do Espírito de santidade, na comunhão vivida pela fé, esperança e caridade.

As motivações desta praxe estão na convicção de que se Deus quer o homem vivo (Irineu), reconhecer a plenitude da vida e do amor numa criatura humana, por frágil que ela seja, significa confessar as maravilhas de Deus para com o seu povo. Deus é glorificado nos seus santos. O santo demonstra também como a visão de Deus seja a vida do homem, revela, isto é, como a graça recebida na comunhão dos santos abra ao coração humano extraordinárias potencialidades, permitindo à pessoa realizar em plenitude o desejo do Deus vivo, inscrito na profundidade de cada pessoa. Os santos são a prova que a promessa de Deus é sem arrependimento e vem realizar-se na história humana: o santo testemunha a beleza da pátria, não para induzir a fugir o tempo presente, mas para vivê-lo com espírito e coração com a força da esperança que também na dor sabe tirar a paz e a novidade do amanhã prometido.

O lugar onde a Igreja experimenta a comunhão dos santos no tempo e na eternidade é a oração, especialmente litúrgica. Segundo a tradição o específico da oração não é rezar UM Deus, mas EM Deus endereçando no Espírito pelo Filho ao Pai. É neste movimento trinitário que a oração faz experimentar a comunhão dos santos, o vínculo profundo que liga no Espírito não somente a Igreja peregrina àquela celeste, mas também no tempo presente a intercessão uns em favor da dor e do caminho dos outros: o confiar-se a Maria, o endereçar-se aos santos, o pedir orações e oferecer com generosidade a própria, longe de distrair da contemplação de Deus e da celebração de sua glória, nos fazem melhor nela (LG 50).

FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.

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