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O PRINCÍPIO ORIGINANTE E ORIGINADOR

O PRINCÍPIO ORIGINANTE E ORIGINADOR EM:
HEIDGGER E SANTO AGOSTINHO
                                                                                                                                      
            A busca por um princípio originante, quer dizer pelo Ser originador e causador de todas as realidades matérias e sensitivas, sempre esteve posta. No sentido de que ela existe independente da colocação do homem e transcende o tempo, pois se transporta para outras épocas.

“Desde a primeira aula desejamos acertar objetivamente, se alguém, se nós realmente investigamos a questão, i é, se damos o salto, ou se ficamos apenas presos a seu modo de falar. A questão perde logo sua dignidade numa existência histórica, em que toda investigação é estranha, como força originária”.(Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.37,38)

            O homem sempre buscou responder e buscou compreender esta indagação que carrega uma grande dificuldade, que é em se chegar ao ente, pensando está no “Ser” e acreditar que resolveu a questão. Mas o Ser não se define, ele só pode ser compreendido enquanto questão que esta posta. O nosso intelecto não tem a capacidade de abstrair o “Ser” sem se. O próprio exercício de filosofar, de crítica, é consciente de que para acontecer o progresso no pensamento, é necessário rever os fundamentos quando estes estão querendo se afirmar como verdades, e desta forma começa a acontecer a metafísica, isto é a busca pelo fundamento das coisas, o Ser em se. A filosofia não pode afirmar o que é, pois desta forma ela logo deixa de “Ser” e a busca pelo princípio originante continua.

“Filosofar significa investigar: “Porque há simplesmente o ente e não antes o Nada?”. Investigar realmente essa questão significa: tentar ousadamente esgotar a força de investigações o inesgotável dessa questão, revelando aquilo que ela impõe a investigar. Onde qualquer coisa de semelhante ocorrer, há filosofia.”.(Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.39).
                                                                                                                   
            É na superação que esta o Ser, na busca da verdade motivados pelo saber que existe algo que pode ser superado pois não se encontra a verdade dada e revelada como tal é. Refletindo sobre a questão da busca do principio originante podemos nos perguntar por outro elemento que facilmente aparece, que é o “Nada”. Mas o “Nada” é sem sentido, ele é o não ser, o nada ele é carregado de significado, e não vazio, logo ele não pode ser a força originador, pois desta forma compreendido ele é ente, é ente tudo o que é, e que já é movido por uma força maior denominamos “Ser”, que dará sentido a existência do mesmo.
            Muitos pensadores ousaram entrar nesta caminhada em busca do principio originante que dá sentido as realidades existentes. Mas dentre muitos, quero destacar Heidgger que, partindo da seguinte pergunta “Porque há simplesmente o ente e não antes o Nada?”, questão está que encontra seu limite na afirmação do Nada como existente, pois para Heidgger, o nada é o ente negado, que só pode ser pensado a partir de sua existência, quer dar sentido a existência do ente como um todo, excluindo a existência do nada pelo que já foi dito, isto é investigado pelo homem que também é ente, mas que não deve se sentir superior, privilegiado um “ente” o homem, porque o ente deve ser entendido como um todo.

A questão cobre o máximo de envergadura. Não se detém em nenhum ente de qualquer espécie. Abrangendo todo ente, i. é, não só o ente atual no sentido mais amplo, como também o ente, que já foi e o que ainda será. O arco da questão encontra seus limites apenas no que absolutamente nunca pode ser, no Nada. Tudo, que não for nada, cai sob seu alcance, no fim até mesmo o próprio Nada”. (Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.34).

            O énsamento de Haidgger, não acredita que a Teologia consegue responder a questão, originaria, por que na abordagem teológica se encontra os limites quando já antes de investigar ela afirma a sua resposta, mas nem pela fé e nem pela razão se chega ao “Ser”.
            Diante de muitos questionamentos do homem sobre a sua condição essa sempre existiu “Porque há simplesmente o ente e não antes o Nada?”, pois essa questão transcende o tempo e passa pelos séculos, fluindo no tempo e se transportando atual em cada momento da história, pois a questão acerca da verdade das coisas e seus fundamentos é sempre presente. Filosofar é buscar os fundamentos, é investigar, é querer saber o que é, é liberdade para pensar, ir longe, com raciocínio lógico, é investigar o extraordinário.
            E a physis, ou seja, a realidade física, sensível é entendida com investigável e compreensível, ela em sua origem é complexa, e até a própria palavra foi sendo atracada com as traduções que foram sendo feitas, e para não cair no erro é preciso buscar o sentido originário do termo. Heidgger vai tentar compreender a physis no sentido originário, pois ela diz algo do “Ser” que se manifesta no ente, mas não é o “Ser” em se. Da physis se chega a metaphysis, que surge na investigação que realiza um salto em busca do fundamento das realidades físicas.
                                                           
“Em grego “por sobre alguma coisa”, “para além de” se exprime pela preposição, meta. A investigação filosófica do ente como tal é assim meta ta physika. Investiga algo que está além do ente. É meta-física. Agora não é de importância seguir a história particular do nascimento e da significação da palavra.” (Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.47).

              Mas o que Heidgger quer afirmar como existente é o ente, e o “Ser” como princípio originante e originador das coisas. O Ser enquanto Ser e não nos fenômenos como ele se revela por que é superior as manifestações sensíveis. E podemos desde já demarcar a diferença ontológica, que consiste na diferença em Ser, que é incompreensível em se, e ente que é manifestação, que é aquilo que podemos alcançar e que já é movido pelo “Ser”. Poque quando falamos do Ser temos o risco de definir ele, dizer algo a seu respeito, e afirmar como verdade. Temos que saber que não se pode compreender o Ser sem se, ele não se define, ele é a busca na superação da definição das questões, e quando definimos ou afirmamos algo a cerca do Ser logo sabemos que deixa de ser e a busca continua, o que tem de se dizer, não é ele em se, é algo que tem de se falar dele. O fato de fazer isso não quer dizer que esse algo que vai ser dito seja realmente em se, pois é só a compreensão do Ser e não o selo em se, compreensão enquanto questão que existe e esta posta.
         A tradição caiu em um erro muito grave. Ao dizer algo sobre o Ser, pois algo deve ser dito, acreditou que o que conseguiu dizer esra o próprio “Ser” em se. Não sabendo que desta forma só estava dando estatus de Ser ao ente, que é aquilo que podemos atingir com o nosso intelecto. Não podemos nos fechar em um dogmatismo em relação a busca do “Ser”, por que isso não seria filosofia, temos que ser conscientes de nossa limitação e podemos perceber ela quando queremos responder a questão do “Ser” só conseguimos chegar a aparência, pois nossa razão e linguagem não só diz realmente o que é o “Ser”, só chegamos ao ente, mas devemos a partir deste, dá um salto investigador, porque o caminho para  aparência é sempre acessível e freqüentado, mas estável, mas nos não podemos nos conformar com este caminho, temos que realizar a critica a todas as teorias quando estão querendo se afirmar como verdades.
           A ciência também caiu neste erro ao conseguir chegar a uma parte do ente, quis afirmar como verdade, e como o “Ser” da questão que quis atingir. Ela não é o saber mais nobre, pois já provem da filosofia, e quando se afirma assim já não faz, mas filosofia e nem pode tomar o lugar da filosofia, que não tem necessidade de dá respostas imediatas, pois esta ligada a idéias da conclusão do processo para poder ser aalisado e depois dizer algo a respeito. A ciência ao investigar parte do ente e acha que é o Ser já não é filosofia.

“A questão”, por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?”, caracterizada por nós como a primeira em dignidade, é, pois a questão metafísica fundamental. Metafísica é o nome para designar o centro decisivo e o núcleo de toda filosofia.” (Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.47).

          Já a Teologia parte da resposta que dá a questão originaria, sem fazer a crítica filosófica, ou seja, sem rever seus fundamentos e coloca em cheque aquilo que afirma como verdade, logo não dá uma resposte do ponto de vista filosófico valida.

“Assim, aquele, para quem a Bíblia é verdade e revelação divina, já possui, antes de qualquer investigação da questão”,Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?”, a resposta: todo ente, que não for Deus é por ele criado Deus mesmo “é”, enquanto criador incriado. Quem encontra no solo de uma tal fé pode, sem dúvida, repetir e acompanhar a investigação de nossa questão. Não poderá propriamente investiga-la, sem negar-se a si mesmo, como crente, com todas as conseqüências de tal atitude. Poderá apenas fazer, como se ... Por outro lado, porém, aquela fé, se constantemente não se expuser a possibilidade da descrença, também não será uma fé mas uma comodidade e um ajuste consigo mesmo, a ater-se sempre ‘a doutrina, como a uma tradição qualquer. Nesse caso já não há nem investigação nem fé mas somente indiferença. Essa se poderá ocupar então, talvez até com muito interesse, de tudo, tanto da fé como da investigação.” (Martim Heidegger: Introdução a metafísica, 1999 – p.47).

          Então podemos concluir a partir da reflexão de Heidgger que o caminho para o “Ser” é inevitável, pois o homem sempre esta querendo chegar até ele, e que pelo nada enquanto nada não se pode chegar, pois este é um caminho inacessível, e o caminho para a aparência é sempre acessível e freqüentado mais estável, e devemos sempre realizar um salto investigador quando chegarmos nele.
          Mas confrontando o principio originário que Agostinho coloca (Deus) e o que Heidgger coloca (Ser), podemos notar de forma clara, onde esta o erro que a teologia cometeu na busca pelo principio oroginario e originador.
      Agostinho, religioso da Igreja católica, do século 4, se propões também em falar sobre o principio originate e originário. Mas desde já coloca Deus como este princípio, como o autor de todas as existências, e que antes de sua ação nada pode ser criado por se só, mas precisa de uma força que mova para ser tornar existente. Para Agostinho esta força como já falei é Deus, criador de todas as realidades, por isso Agostinho não faz uma critica filosófica, pois não desmonta o conceito que ele já tem, mas tudo que ele faz é só provar Deus como o autor de tudo.
     Pra afirmar Deus como o principio originante e originador, Agostinho parte de uma reflexão sobre o que fazia Deus antes de criar o mundo. Enfrenta desde já o problema do tempo. Assim, ele se ocupa da temporalidade, e é nas Confissões onde trata da problemática do tempo com mais profundidade. É esta a obra de Agostinho mais estudada por todos aqueles que se ocupam com tempo.A concepção que Agostinho sustentou no mesmo acerca do tempo tornou-se famosa e genial pela clareza com a qual ele expôs a questão e pela forma em que soube respondê-la. O que mais nos interessa é a própria questão.  Para compreendê-la, é importante destacar como e porque o Bispo de Hipona chega a levantá-la; porque precisa respondê-la.
De início Agostinho enfrenta uma objeção de caráter herético: o que fazia o criador antes da criação? A questão levanta um grave problema: se Deus  “fazia algo” antes de criar o mundo e todas as coisas, então a criação seria “posterior” aos afazeres de Deus dessa maneira o criador não era ainda o criador de todas as coisas o principio originante de tudo, ou seja, se Deus tivesse feito algo “antes”, Ele teria feito coisas antes e depois; e estaria submetido à ordem do tempo e sendo temporal. Não seria um ser eterno.
As escrituras sagradas dizem que Deus criou com a palavra, pronunciando o verbo divino para que todas as coisas fossem criadas.  Palavra, permanente, eterna, pois Deus é eterno, e criou com seu  verbo, diferente das palavras finitas que conhecemos. É a partir das escrituras que Agostinho medita sobre a eternidade de Deus e a diferença entre Ele (criador) e nós (criaturas), precisando separar Deus e Sua ação divina do mundo das coisas temporais, porque o Criador deve agir e ser diferente de todas as coisas criadas. Deve ser eterno e deve criar desde a eternidade, a qual não pode sofrer mudança, pois não tem começo e nem fim, Deus é diferente de tudo que é temporal. Deus não pode fazer nada antes da criação, porque antes da criação não há nenhum “antes”: o tempo e todas as coisas temporais são criados a partir do ato da criação. O nascimento do tempo coincide com o primeiro segundo da criação. Ele cria o tempo, e a pergunta pela anterioridade, que é uma pergunta “temporal”, só faz sentido após o ato da criação. Isto é compreensível, se Deus é  de fato criador e eterno. O que significa que o ato da criação é extemporâneo e atemporal.
Agostinho mostrar que o tempo, que é estável, é diferente da eternidade de Deus, para afirmar que o verbo divino não poderia ter sido temporal; precisa mostrar que a eternidade de Deus não e igual à mudança que corrompe todas as coisas para afirmar que a pergunta pelos afazeres divinos antes da criação se baseia num mal-entendido. É assim que Agostinho tratar da natureza do tempo – sempre em oposição à eternidade o conceito de tempo ao eterno é totalmente diferente de tempo como nos entendemos. A primeira coisa que caracteriza o  tempo como nós o entendemos, é que as coisas criadas se transformam e estão sujeitas a mudanças. A corruptibilidade, o desgaste e o envelhecimento evidenciando a transitoriedade do mundo criado. Para Agostinho Deus é eterno, o caráter mutável é marca do tempo, não há tempo sem coisas que nele se transformem. Assim, entre tempo e mudança vem decorrer o fato de que tudo que não é eterno tenha um começo e um fim; e passa. Pois “passar” é algo que se dá no tempo de um ser que muda, que deixa de ser algo ou modifica alguma parte para alterar-se e tornar-se outro, ou para simplesmente definhar e desaparecer. Sendo Deus eterno, deve permanecer imutável em sua eternidade, incapaz de passar. Um presente absoluto, e o tempo não é estável, pois se fosse não seria tempo.
As coisas mudam através do tempo, que passa, desdobrando-se em passado, presente e futuro, enquanto que a eternidade de Deus permanece sempre presente O futuro vira presente e o presente passa e deixa de ser presente para tornar-se passado. Dizer que as coisas mudam sucessivamente é dizer que elas passam do futuro ao presente e afundam no passado caminhando para um não ser. O fato de o presente virar passado é aquilo que o distingue do presente sempre eterno. Pois justamente porque muda não pode o presente ser todo presente. Somente a eternidade é sempre toda presente, é a realidade, um agora permanente, que não passa é não se move.
Portanto, Presente, Passado e Futuro não existem, mas sim a memória, a intuição e a esperança dos mesmos em nossa consciência. Mesmo o tempo tendo ligação com o movimento, (afirma Aristóteles) e as coisas em movimento ele não esta nessas coisas, pois elas se movem no tempo e ele passa por elas, mais sim na nossa consciência onde acontece memória, intuição, e a espera, aonde pensamos, medir o tempo, mas o tempo em se não medimos. Medimos, no entanto “quando o sentimos passar”. Não é o tempo passado nem o tempo futuro em si mesmos, pois eles não existem, mas sim a memória e a esperança dos mesmos em nossa consciência.
Não existem propriamente o presente, o passado e o futuro, mas o:

 “presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro, porque essas três espécies de tempo existem em nosso espírito, e não os vejo em outra parte. O presente do passado é a memória; o presente do presente é a intuição direta; o presente do futuro é a esperança”. (AGOSTINHO, 2003, pp. 344-345)

Desta diferença entre o presente que sempre passa e o presente sempiterno arranca toda a análise de Agostinho. Mas, afinal, o que é o tempo?
 “Se ninguém me pergunta, eu o sei; mas, se me perguntam, e quero explicá-lo, não sei mais nada” - (AGOSTINHO, 2003, pp. 338-339).

Sua confissão, porém, nos diz aquilo que todos sabemos: cremos saber o que é o tempo, mas no fundo ignoramo-lo. Contemplamos o curso das horas nos ponteiros do relógio, falamos de um “ontem”, de “hoje” e de um “amanhã”; de “antes”, de “agora” ou “depois”. Cremos saber e entender o que é o tempo. Mas, se no-lo perguntarem, se perguntamos a nós mesmos o que é realmente o tempo, veremos que de fato não o sabemos, desta maneira Agostinho não encerra a questão mais deixa na busca.

FIQUEM NA PAZ DE DEUS!
SEMINARISTA SEVERINO DA SILVA.                                                                                                  

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